Felipe — Horas depois
Há dias em que o perigo chega berrando. Explode portas, acende sirenes, quebra o ar com violência. E há dias — como hoje — em que ele entra pela fresta, silencioso, educado, quase cortês, como se tivesse sido convidado para o caos que está prestes a causar. E eu reconheço esse tipo de perigo. Ele é sempre o pior.
Estou na minha sala, encarando relatórios que não fazem mais sentido algum. As letras se embaralham, as linhas se tornam sombras. Minha cabeça não está aqui — ficou na forma como Helena saiu da minha sala. Na rigidez da coluna. No brilho nos olhos. Algo nela mudou.
E eu sei que é culpa minha.
Não uma culpa que machuca — mas uma que pesa, porque despertei nela o mesmo instinto que há anos tento controlar em mim. Helena não está frágil. Não está quebrada. Ela está… perigosa. E isso me assusta por um motivo simples: Adrian não tem limites e ele será capaz de tudo para alcançar os seus objetivos.
Aprendi de uma maneira cruel que na vida precisamos ter limi