O veneno de Lucas

Felipe

Há algo hipnótico em assistir ao caos que eu mesmo provoquei. Chamam de crueldade; eu chamo de controle. Helena dorme ao meu lado — o corpo ainda marcado pelas minhas mãos, a respiração irregular, a pele quente onde minha pele ainda arde. O rosto dela parece tranquilo, como se a alma pudesse tirar férias depois da tempestade. Mas eu sei. Sei que cada toque meu ficou gravado na carne. E é essa marca que eu quero: propriedade, lembrança, aviso.

Acendo um cigarro. O fósforo risca, a brasa acende, e a fumaça sobe preguiçosa pelo quarto escuro. O ar denso envolve tudo. No silêncio, a imagem de Lucas insiste em voltar: o olhar frio, aquele sorriso que tenta parecer piedade mas cheira a provocação. Não me assusta. Me irrita. Porque ele é ardiloso — um rato tentando roer as tábuas do meu mundo. Não lhe faltam venenosíssimas artimanhas, mas faltam-me respeito e truncabilidade.

Levanto devagar, os pés tocando o piso frio. Vou até a janela. A cidade estende-se abaixo como um mapa que eu j
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