Dias Depois
Tulum, México – Final da Tarde
O ar tinha cheiro de sal, terra molhada e buganvílias.
Quando Lucca desceu do avião, o calor denso e úmido bateu como um soco. A camisa de linho colava nas costas antes mesmo de ele alcançar o carro alugado. O céu estava limpo, absurdamente azul, como se zombasse da tempestade que o consumia por dentro.
Dirigiu pelas ruas estreitas e arborizadas de Tulum com o coração preso à garganta. As palmeiras passavam borradas pelas janelas. Ele não ligava para o paraíso tropical. A única paisagem que importava estava no endereço rabiscado num papel em seu bolso.
Uma casa isolada, escondida atrás de cercas vivas e árvores altas. Um portão simples. Um silêncio que falava alto.
Ele parou o carro do outro lado da rua. Não desceu.
Ficou apenas… observando.
E então a viu.
Helena.
Ou melhor, Lorena Salazar. Mas para ele, sempre seria Helena — a mulher que o arrastou para o fundo e desapareceu sem deixar ar.
Ela usava um vestido leve, os cabelos agora castanh