79: Lutando como uma leoa

O céu de Tulum ainda era um borrão violeta e dourado, quando Lucca parou o carro em frente à casa. A brisa salgada do mar entrava pelas janelas abertas, carregando o cheiro de flores e terra úmida. Mas para ele, o ar parecia pesado, denso, quase sólido — como se cada partícula carregasse o peso da escolha que ele havia adiado por anos.

A porta entreaberta era um convite e uma sentença.

Helena estava ali, na soleira, vestindo um simples vestido de algodão, os pés descalços, os olhos marcados por noites sem dormir. E mesmo assim, havia uma beleza crua nela — uma força quieta, amarga.

— Ele ainda está dormindo — disse ela, sem rodeios, como quem já ensaiou aquele momento mil vezes.

Lucca assentiu com um leve movimento, os olhos marejando sem permissão.

— Eu… posso vê-lo?

Helena hesitou. O tempo pareceu se dilatar entre a pergunta e a resposta. Depois, com um suspiro quase imperceptível, ela se virou.

— Entra.

Ele atravessou a porta como quem pisa em território sagrado. O chão de madeira
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