Do outro lado do oceano, os passos de Mauro ecoavam pelo mármore polido do saguão de um hotel cinco estrelas em Lisboa. Cada passo dele era calculado. Preciso. Como um predador prestes a atacar. O terno sob medida caía impecável sobre os ombros largos. O perfume amadeirado se misturava ao ar frio do ar-condicionado central. Mas o verdadeiro frio vinha de dentro.
O celular vibrava contra a palma da mão. Ele atendeu sem pressa, como quem já sabia o que ouviria.
— Fale — disse, com a voz baixa, afiada como lâmina.
Do outro lado da linha, uma voz masculina, nervosa:
— Confirmado. Ela está viva. Mudou de nome, identidade limpa. Está no México. Tem um filho de dez anos. Estamos cruzando os registros com o banco de dados internacional. Tudo bate.
Mauro parou diante da enorme janela de vidro que dava para o rio Tejo. O sol se punha no horizonte, tingindo o céu com tons dourados e sangue.
Um sorriso lento, cruel, se desenhou em seus lábios.
— Sabia que aquela mulher era esperta demais pra morr