Traída pelo marido e expulsa de sua própria alcatéia, Lyara perdeu tudo; seu título, sua honra e seu futuro. Mas em vez de se curvar ao destino, ela se ergue das cinzas, determinada a recuperar o que lhe foi tirado. Anos depois, uma oportunidade inesperada a leva ao castelo do temido Rei Alfa Kael, um líder implacável, cuja simples presença faz seu lobo estremecer. Desde o primeiro olhar, Kael a deseja e a reivindica como sua Luna. Nele, Lyara encontra tudo o que jamais teve: força, respeito e um desejo tão intenso quanto perigoso. Mas quando descobre que Kael é o pai biológico de seu ex-marido, a verdade ameaça destruí-la. Presa entre um amor proibido e a sede de vingança, Lyara precisa decidir se seguirá seu coração ou esmagará aqueles que a traíram.
Ler maisCinco anos. Cinco longos anos com Damon, e eu ainda não havia conseguido entender o que nos mantinha unidos. O casamento era vazio. Ele era frio, distante, e, se não fosse por meu tio, Jones, talvez eu já tivesse deixado esse pesadelo. Mas o poder que Jones exercia sobre minha vida, sobre minha alcatéia, me manteve ali, suportando a dor, a solidão e a humilhação.
Eu estava no corredor do castelo, as mãos firmes na madeira da porta do escritório de Damon. Algo não estava certo, e uma sensação de inquietação me dominou. Eu não sabia ao certo o que me fazia querer abrir aquela porta, mas algo em meu instinto me dizia que eu não estava mais segura naquele casamento. A porta rangeu quando a empurrei, e, ao entrar, vi uma cena que jamais imaginei presenciar: Damon estava no fundo do escritório, seus dedos entrelaçados com os de Elena, minha irmã. O choque congelou meu corpo, mas o grito foi inevitável. "O quê...?" Eu mal consegui completar a frase. Meus olhos se arregalaram, tentando entender o que meus olhos estavam vendo. Eu queria gritar, atacar, mas minhas pernas não me obedeciam. Como podiam fazer isso? Minha própria irmã... com meu marido? Damon se levantou rapidamente, mas não parecia surpreso. Ele olhou para mim com uma expressão que era mais de tédio do que de culpa. "Você... você está aqui?", disse ele, sua voz vazia. "Não sabia que estava dando uma volta no castelo." "Está dando uma volta no castelo?", minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia, e, antes que eu pudesse controlar, fui até ele, apontando para minha irmã. "Elena, o que está acontecendo?" Elena parecia envergonhada, mas não ao ponto de se afastar de Damon. Ela olhou para o chão, e eu soube na hora. A traição estava ali, bem diante de mim. E o pior: não era uma traição qualquer. Era algo que vinha se construindo bem diante dos meus olhos, e eu nunca vi. "Eu nunca te amei, Lyara. Nunca fui seu esposo, meu coração nunca sentiu nada por sua existência insignificante.", Damon falou, dessa vez com um tom mais frio. "Nunca fui seu de verdade, sempre estive com sua irmã, desde o início, desde antes desse casamento. Só estava preso ao que você representava, por ser a herdeira dos líderes Alfas, por ser a princesa que governaria nossa nação. Achei que se eu tivesse um filho com você, ao menos poderia mata-la para que Elena assumisse seu lugar... Mas você é seca, é infértil. Você não pode me dar o que preciso.", Ele toca a barriga da minha irmã com delicadeza e sorri. "Diferente de sua irmã que agora carrega meu herdeiro." Grávida? Sinto o mundo girar ao meu redor. "Você não pode estar falando sério... Não pode.", Murmurei negando com a cabeça, recuando um passo. "Ele está, minha irmã. Eu irei gerar o herdeiro dessa nação, agora que sabe de tudo não preciso mais fingir.", Elena sorriu cínica. "Podemos dizer a população que o filho é de vocês. Podem manter o casamento de fachada, mas agora o Damon será meu." Eu congelei, sem palavras. Como assim? O que eles estavam dizendo? Como eu não percebi isso? Era óbvio agora, claro como o dia. O desprezo que ele sempre teve por mim, o afastamento. Ele nunca quis me tocar, nunca quis ser meu marido de verdade. E agora isso... ele estava com minha irmã. "Você sabia?" Perguntei a Jones, que entrou no escritório logo em seguida, como se já esperasse por isso. Ele olhou para Damon e depois para mim, com uma calma que só me fez sentir ainda mais desesperada. "Sim, eu sabia", Jones respondeu, como se estivesse discutindo algo trivial. "Sempre soube, querida." Meu coração parecia querer explodir no meu peito, a dor era insuportável. "Você sabia e nunca me disse? Nunca me protegeu? Sou sua sobrinha, Jones!" "Você é uma fraqueza, Lyara. Você é dramática.", Jones respondeu, a voz agora mais firme. "Não pode dar herdeiros, e isso é o que importa. Você não pode ser a Alfa, então..." Ele fez uma pausa e olhou para Damon, que sorria de uma maneira arrogante. "E, honestamente, ninguém nunca gostou de você." "Você sabia que eu não podia ter filhos, mas me obrigou a casar com ele! Por quê? Para que isso acontecesse?" Eu estava quase em lágrimas, mas me esforcei para manter a compostura. "Eu sou a filha do Alfa, e você... você nunca quis que eu fosse a Alfa!" Jones deu de ombros, como se não fosse nada demais. "Você não tem mais valor para a alcatéia. E como você se recusa a aceitar que Elena vai ser a mãe do próximo Alfa, então... será melhor que aceite o que está acontecendo." "Não! Não vou aceitar isso. Não vou ser substituída por ela, por sua filha! Eu não vou ser humilhada assim." Jones suspirou, como se tivesse paciência para uma criança birrenta. "Eu sabia que não aceitaria. Mas você não tem escolha. Ou fica calada e aceita que Elena gerará o herdeiro ou..." Ele fez uma pausa, e a sensação de que algo muito pior estava por vir me envolveu como uma sombra. "Ou você morre." As palavras caíram como uma sentença de morte. Não era só a vergonha de ser traída, mas agora havia algo mais. Minha vida estava em risco. Eu olhei para Damon, mas ele não parecia surpreso. Ele estava calmo, quase satisfeito. Ele já sabia o que Jones faria. Ele já havia decidido. "Não vai ser assim", eu sussurrei. Eu não podia deixar isso acontecer. Eu não podia ser calada. Não depois de tudo o que eu havia passado. Jones virou-se para Elena. "Ela será executada amanhã. Na praça pública. E você, Elena, se casará com Damon para gerar um herdeiro legítimo. Faremos o casamento como manda a tradição, após um mês de luto." Elena olhou para o chão, a vergonha estampada em seu rosto, mas não disse nada. Ela era cúmplice, e não havia volta. "Tio, você não pode me executar só por me odiar.", A rouquidão na minha voz ecoou o quarto. "Nunca deixarei que vocês três tomem conta da minha alcatéia, da minha nação!" Eu corri. Corri sem rumo, sem pensar em mais nada, exceto na dor que me consumia. A verdade se arrastava atrás de mim como uma sombra, me perseguindo, me sufocando. Eu mal podia acreditar no que acabara de acontecer, nas palavras de Damon, nas palavras de Elena, na indiferença de Jones. Meu coração parecia uma pedra fria, mas, ainda assim, as lágrimas insistiam em cair. Eu estava perdida. Não havia mais nada. Nada além de uma mentira nojenta, uma traição grotesca. Meu corpo se estremeceu com a força das minhas emoções, e eu não sabia mais onde eu estava, ou sequer o que fazia ali, deitada no chão do meu quarto. Quando a porta se abriu com um estrondo, nem tive tempo de reagir. Dois guardas entraram sem cerimônia, seus rostos impassíveis e mãos fortes, e me agarraram com brutalidade. Eu me debatei, tentando me livrar, mas fui incapaz de fazer mais do que arranhar suas armaduras de ferro. Eles não se importavam com meus gritos ou tentativas de fuga. Só me arrastavam, como se eu fosse um animal a ser levado para o abatedouro. "Lyara, você está presa", a voz do meu tio Jones cortou o ar, implacável e gelada. "Acusada de tentativa de homicídio contra o príncipe Damon e a princesa Elena, além de adultério com o líder dos guardas, Luker." As palavras dele caíram sobre mim como uma sentença, como um peso que esmagou o ar de meus pulmões. Tentava processar aquilo, mas o que ele dizia era uma mentira. Uma conspiração para me calar, para me destruir. Não podia ser real. Não podia! "Isso é uma mentira!" Eu gritei, me debatendo, tentando escapar das garras implacáveis dos guardas. "Vocês estão mentindo! Isso é uma conspiração, uma conspiração para me calar!" Mas minhas palavras eram apenas ecos de desespero. Eles não me ouviam. Me arrastaram pelo corredor frio, com seus passos pesados e impessoais, enquanto minha mente girava, tentando desesperadamente encontrar uma saída, uma solução. Mas não havia escape. Quando chegamos à masmorra, o frio era ainda mais intenso. As paredes de pedra e o cheiro de umidade invadiam minhas narinas, e eu me senti como um animal encurralado. Eu não queria acreditar no que estava acontecendo, mas a verdade se impunha sobre mim. Eu estava prestes a ser destruída por aqueles que deveriam me proteger. A dor, o desprezo, tudo se misturava em uma corrente que me puxava para baixo. Jones se aproximou de mim, seu olhar indiferente e quase divertido. "Deveria ter aceitado o romance de sua irmã, Lyara. Agora, será tarde demais. Você será executada por sua burrice." O som de sua risada me cortou como lâminas. Eu estava atordoada demais para reagir de imediato, mas a raiva cresceu em mim como uma chama indomável. E, então, sem mais nem menos, cuspi em seu rosto. Eu o odiei, eu o desprezava. Ele olhou para mim com uma expressão de total desdém, limpando o rosto lentamente. Seus olhos brilharam com uma crueldade inumana. "Você lembra muito a sua mãe", ele disse, quase com uma nostalgia cruel. Minha respiração falhou. A sensação de frio tomou conta de mim novamente, mas agora era uma frieza ainda mais penetrante. Eu sabia onde isso estava indo. Eu sentia na pele o peso da verdade, mas era impossível acreditar no que ele acabava de insinuar. Jones sorriu de um jeito que fez meu estômago revirar. Ele se aproximou ainda mais, e sua voz soou baixinho, quase um sussurro. "Foi fácil matar seus pais, Lyara. Foi até divertido, na verdade." O mundo ao meu redor desabou. Minha visão turvou-se, e uma onda de choque percorreu meu corpo, como um relâmpago cortando a escuridão. Eu sabia. Eu sabia o que ele estava dizendo, mas não queria acreditar. Eu não podia acreditar. Gael... meu tio... foi ele. O peso das suas palavras caiu sobre mim como uma avalanche. Eu mal conseguia respirar, mal conseguia processar. Aquele homem, aquele monstro que sempre se disfarçou de tio protetor, foi responsável pela morte dos meus pais. Ele os matou. Ele matou aqueles que me deram a vida, que me ensinaram a lutar. E agora estava prestes a me destruir também. A dor era insuportável, um vazio profundo que me consumia. Eu me senti flutuar, como se minha alma estivesse sendo arrancada do meu corpo. Eu olhei para Gael, e pela primeira vez vi claramente quem ele realmente era: um assassino. Um usurpador. Meu tio, o homem que eu pensava ser meu protetor, era, na verdade, o algoz. "Você vai pagar por isso", eu disse, a voz rouca, com o ódio queimando em meu peito. "Você vai pagar por tudo." Mas ele apenas sorriu, aquele sorriso cruel que jamais me deixaria esquecer.A tempestade que se formava dentro de mim não passava. Meu peito estava apertado, minha mente uma confusão de pensamentos que eu não conseguia organizar. Kael não entendia. E como poderia? Como ele poderia saber que eu não era apenas uma plebeia acolhida por sua bondade? Como poderia saber que eu carregava um passado que, se revelado, mudaria tudo?Depois de nossa discussão nos jardins, eu não o vi mais. Evitei qualquer caminho que pudesse nos colocar no mesmo ambiente. Mas, no fundo, sabia que isso não duraria muito tempo. Ele era o Rei. E eu... eu era apenas uma serviçal em seu castelo. Um erro que nunca deveria ter acontecido.Na manhã seguinte, fui surpreendida pelo burburinho nos corredores. Criadas corriam de um lado para o outro, ajustando detalhes da decoração do grande salão. A movimentação era intensa, e os olhares estavam cheios de ansiedade e reverência."O que está acontecendo?" perguntei a uma das criadas, que carregava um tecido fino nas mãos.Ela me olhou com empolgaçã
Os dias passaram em um turbilhão de acontecimentos, mas eu... eu estava em um estado constante de fuga. Fugia de tudo, fugia de mim mesma, fugia dele. De Kael.A recuperação dele foi impressionante. A cada dia que passava, ele se tornava mais forte, mais imponente. Era como se o Rei estivesse renascendo diante dos meus olhos, e, com isso, sua presença aumentava ainda mais, envolvendo o castelo e todos ao seu redor. Ele estava pronto para reassumir o controle, e sua voz, antes tão fraca, agora soava poderosa e cheia de autoridade.Mas... eu não podia lidar com isso. Eu não conseguia mais olhar para ele sem me lembrar de tudo o que eu estava escondendo. De tudo o que ele ainda não sabia.Enquanto ele se reerguia, eu me afundava em uma espiral de culpa e medo. Cada vez que ele me chamava, eu me esquivava. Cada vez que ele tentava conversar comigo, eu fugia. Eu estava me tornando especialista em evitar qualquer tipo de encontro, qualquer situação que nos colocasse a sós. Porque isso nunca
A noite estava calma, e eu estava ao lado da cama de Kael, colocando um ramo de flores frescas em um vaso. A luz suave das velas lançava sombras suaves nas paredes do quarto, criando uma atmosfera tranquila, mas algo em mim estava inquieto, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar.Era difícil de acreditar que ele ainda estivesse ali, ainda em coma. Sua pele pálida, seus olhos fechados, sua respiração suave, tudo isso me fazia sentir como se ele fosse apenas uma sombra de quem realmente era.De repente, um movimento quase imperceptível. Kael se mexeu, e antes que eu pudesse reagir, seus olhos dourados se abriram lentamente. Ele me olhou com uma confusão palpável, e sua voz saiu rouca, fraca, mas cheia de uma ternura que me fez congelar.“Lyara?”Eu traguei a respiração, meu coração disparando. O som da minha própria respiração se misturou ao ritmo acelerado do meu peito. Não, não poderia ser ele... Ele estava... ele estava em coma! Não podia ser.Com a mente turvada, murmure
Os dias no castelo passaram lentamente, como se o tempo tivesse congelado. E, no entanto, meu corpo continuava a se mover mecanicamente. O mesmo ar abafado daquelas paredes opressivas parecia sufocar minhas próprias emoções. O quarto em que eu me encontrava, escondida da vista de todos, estava imerso em uma calma desconcertante. O silêncio me consumia, a ansiedade, o medo, e as memórias que voltavam como sombras à noite. Eu não podia, não queria, lidar com a realidade que me aguardava quando Kael finalmente despertasse.Eu me sentia presa, como se estivesse aguardando o pior. O homem que eu amava, e ao mesmo tempo temia, ainda estava inconsciente. Kael... Eu não sabia mais o que sentir. Parte de mim desejava que ele ficasse daquele jeito, sem acordar, porque uma vez que ele abrisse os olhos, a minha vida — e todos os segredos que guardava tão profundamente dentro de mim — estariam expostos. Eu não sabia mais o que fazer com esse amor proibido, essa dor que me consumia a cada pensament
O silêncio do castelo era inquietante.Os corredores, normalmente repletos de servos apressados e guardas em patrulha, agora pareciam vazios, como se o próprio ambiente estivesse contido em uma espera sufocante.Eu não conseguia dormir.A fotografia de Zaira ainda dançava em minha mente, como um espectro do passado que se recusava a ser ignorado.O que ela estava fazendo entre as coisas de Kael?Por mais que eu tentasse racionalizar, cada resposta me levava a mais perguntas.E eu odiava perguntas sem respostas.Os pés me guiaram quase automaticamente de volta ao quarto do Rei.Talvez eu estivesse cruzando um limite ao mexer nas coisas dele. Mas como confiar cegamente em alguém que claramente escondia segredos?A porta rangeu levemente quando a empurrei, e a penumbra do aposento me envolveu como um manto pesado.Kael continuava imóvel na cama, a respiração lenta e profunda.“Desculpe, Majestade,” murmurei, mais para mim mesma do que para ele. “Mas eu preciso saber.”Aproximei-me da esc
O silêncio do quarto do Rei era quase sufocante. As cortinas pesadas estavam entreabertas, deixando a luz do final da tarde se filtrar em feixes dourados sobre o chão de pedra polida. O cheiro discreto de ervas medicinais pairava no ar, vindo dos incensos deixados pelo curandeiro.Eu não deveria estar ali.Não naquele cômodo tão íntimo, tão carregado pela presença de um homem que, mesmo inconsciente, parecia dominar cada centímetro do espaço.Mas algo me atraía para aquele lugar.Talvez fosse a inquietação causada pelas palavras do sacerdote Félix. Ou, quem sabe, o simples fato de que, longe do olhar atento dos criados e conselheiros, eu pudesse finalmente pensar com clareza.Deslizei os dedos pela superfície escura da escrivaninha próxima à janela. O móvel era impecável, organizado com precisão militar: papéis empilhados, tinteiros alinhados, um pequeno selo real repousando sobre um pergaminho incompleto.Meu olhar caiu sobre uma gaveta entreaberta.Hesitei por um instante.Mas a cur
Último capítulo