Nyla nunca quis ser alfa — ela só queria sobreviver. Mas tudo mudou quando o Lupino Corrompido, uma força sombria, despertou dentro dela. Agora, além de proteger sua alcateia, Nyla precisa lutar contra esse poder que promete vitória, mas pode destruí-la. Com símbolos mágicos aparecendo na floresta e criaturas corrompidas à espreita, Nyla é forçada a liderar. Quanto mais a escuridão cresce, mais ela se pergunta: será que vai ceder ao Lupino e se tornar o monstro que todos temem? Ou vai encontrar outra forma de vencer, sem perder sua alma? Ela nunca escolheu ser alfa, mas agora o destino de todos depende dela — e o relógio está correndo.
Leer másNyla | Dia 2, agosto de 2019
A noite estava fria, e eu odiava aquele lugar. A pequena cidade de Vár-Midra era cercada por floresta densa, sem sinal de vida além dos uivos distantes que ecoavam pela noite. Minha respiração saía em pequenas nuvens brancas, enquanto eu apertava o casaco contra meu corpo, tentando me proteger do vento gélido. Foi ideia da minha mãe virmos para cá, longe de qualquer sinal de civilização. Ela sempre teve essa obsessão por lugares isolados, mas eu mal podia imaginar que seria nesse fim de mundo que tudo mudaria. Que eu mudaria. Aquele era o tipo de noite em que eu sentia a presença de algo maior. Uma vibração estranha no ar, como se a própria floresta estivesse... viva. Era como se ela me observasse. Cada árvore, cada sombra entre os galhos parecia ter olhos. — É só a sua imaginação, Nyla, — murmurei para mim mesma, acelerando o passo. Meu nome é Nyla, e até então, a coisa mais estranha que já havia acontecido comigo era me perder na trilha de uma montanha quando criança. Mal sabia eu que estava prestes a me perder em algo muito, muito mais perigoso. Foi aí que eu o ouvi pela primeira vez. Um rosnado baixo, gutural, vindo da escuridão. Eu parei. Cada célula do meu corpo gelou. Tentei respirar fundo, mas o ar parecia não entrar nos meus pulmões. Outro rosnado, mais perto desta vez. O som me envolveu, como se estivesse vindo de todas as direções ao mesmo tempo. Eu sabia que deveria correr. Qualquer pessoa sensata fugiria naquela hora. Mas não consegui me mover. Algo dentro de mim queria saber o que estava lá. Algo primal, quase como um chamado. Foi então que ele apareceu. Os olhos âmbar brilharam no escuro, refletindo a luz da lua que mal conseguia penetrar pelas árvores. O lobo era enorme, mais alto do que qualquer outro animal que eu já tinha visto, com pelos negros como a noite e presas que reluziam sob a luz fraca. Ele me observava, parado, como se estivesse esperando por algo. O mundo pareceu congelar por um segundo. Meu coração batia descompassado, o som ecoava nos meus ouvidos. Eu devia correr. Eu sabia disso. Mas aqueles olhos... Havia algo neles que me impedia de dar qualquer passo. Era como se ele estivesse me estudando, como se quisesse me entender. Uma conexão imediata se formou ali, no silêncio da floresta. E então, tão rápido quanto surgiu, ele sumiu na escuridão. Eu fiquei ali, parada, respirando pesadamente, como se tivesse sido arrancada de um transe. — Que diabos foi isso? — , sussurrei para mim mesma. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, uma voz grave e rouca veio de trás de mim. — Você não deveria estar aqui. Eu me virei bruscamente, o coração disparando novamente. E lá estava ele. Alto, imponente, com os mesmos olhos âmbar do lobo que tinha acabado de ver. Ele usava uma jaqueta de couro e jeans escuros, o cabelo desgrenhado e um ar de selvageria que fazia a atmosfera ao redor dele parecer eletrizante. Era como se o ar ao redor dele estivesse carregado de energia, prestes a explodir. — O quê... quem é você? — Minhas palavras saíram em um sussurro fraco. Meu corpo tremia, não pelo frio, mas pela presença dele. Algo nele me atraía de uma maneira que eu não conseguia entender. Algo perigoso, intenso. — Isso não importa agora, — ele respondeu, sua voz um ronronar grave que fez minha pele se arrepiar. — O que importa é que você não deveria ter vindo até aqui. Esta floresta não é para você. Eu devia ter me sentido intimidada, mas algo dentro de mim não queria recuar. — E quem é você pra me dizer onde eu posso ou não posso ir? Ele deu um passo à frente, e meu corpo inteiro respondeu ao movimento. Os músculos do meu corpo se tensionaram, como se estivesse em alerta, mas não de medo. Era... expectativa? Meu Deus, o que estava acontecendo comigo? — Eu sou Thorne, — ele disse, com um sorriso que não alcançou os olhos. — E você está em território perigoso. Aqui... não há volta. As palavras dele carregavam um peso que eu não conseguia explicar, mas de alguma forma, eu sabia que ele estava certo. Meu instinto gritava para eu sair correndo dali. Mas, mais uma vez, eu não consegui me mover. — Você não tem ideia do que acabou de acontecer, tem? — Do que você está falando? — Minha voz saiu hesitante. Nada fazia sentido. — Essa floresta te escolheu. Eu senti quando você chegou. — Ele deu outro passo, agora tão perto que eu podia sentir o calor que emanava de seu corpo. — Você está marcada. — Marcada? — A palavra saiu de forma fraca, quase sem vida. Meu corpo parecia ceder a uma força invisível. Thorne se inclinou, os olhos âmbar me perfurando, tão intensos que era impossível desviar o olhar. — Agora, você pertence a mim. Não há como escapar. Meu coração disparou com aquelas palavras, mas de uma forma que não envolvia pânico. Pelo contrário. Cada fibra do meu ser parecia gritar em resposta, como se eu tivesse esperado a vida inteira por esse momento. E foi ali, debaixo da lua cheia, que tudo mudou. Eu não sabia o que significava estar marcada, muito menos o que aquilo implicava. Mas uma coisa eu sabia: não havia mais volta. Eu estava conectada a ele, e de uma maneira que eu jamais poderia entender completamente. Algo sombrio, algo irresistível... e perigoso.Nyla | dia 15, dezembro de 2019 — O Momento FinalO vento uivava através da clareira, o som sendo engolido pela escuridão que cercava a floresta. Diante de nós, o ser colossal de sombras se movia, sua forma distorcida e imensa, como uma onda de pura escuridão prestes a engolir tudo. Sua presença trazia um peso quase insuportável, como se o próprio ar ao nosso redor estivesse se tornando denso, difícil de respirar. Seus olhos brilhavam como fendas de luz pálida, fixos em mim, esperando.A alcateia estava atrás de mim, os guerreiros se preparando para a luta de suas vidas, mas havia uma pausa, um momento em que todos pareciam saber que o próximo movimento seria decisivo. Thorne estava ao meu lado, pronto, embora seus olhos refletissem a mesma incerteza que eu sentia. Ele confiava em mim, mas sabia o quão frágil era o equilíbrio que eu mantinha com o Lupino Corrompido.O ser avançava lentamente, cada passo que dava fazia o chão tremer levemente sob nossos pés. Era como se o mundo inteiro
Nyla | dia 14, dezembro de 2019 — O Peso das SombrasO frio cortante da manhã não trouxe alívio. A neve caía lentamente, como um manto silencioso que cobria os rastros da batalha do dia anterior. O campo, agora envolto em uma calma enganosa, parecia guardar a respiração à espera do próximo movimento. Mas, mesmo com a tranquilidade exterior, eu podia sentir a tensão em cada lobo da alcateia.Todos sabiam que aquilo não tinha acabado.Caminhei pela clareira, sentindo o peso do olhar de cada guerreiro. O cansaço era evidente. As batalhas incessantes, a pressão da magia antiga, as feridas físicas e mentais — tudo isso estava nos desgastando. Mas, pior do que isso, era a incerteza. A sensação de que algo ainda maior estava à espreita, aguardando o momento certo para atacar.Thorne estava ao meu lado, sua presença constante, mas até ele parecia mais silencioso hoje. Desde o último confronto, ele vinha observando cada movimento meu com uma cautela que eu não estava acostumada. Eu sabia que e
Nyla | dia 13, dezembro de 2019 — O Limiar da EscuridãoA energia que fluiu por mim era diferente de tudo o que eu já havia experimentado. O poder do Lupino Corrompido era puro, brutal, como um raio negro atravessando meu corpo, pronto para explodir com fúria incontrolável. Mas, dessa vez, não deixei que ele me dominasse. Eu agarrei cada fragmento de escuridão, moldando-o à minha vontade, controlando-o em vez de ser consumida por ele.As sombras ao meu redor hesitaram, como se sentissem a mudança. O Lupino, agora parcialmente liberto, reagiu às forças que estavam tentando nos destruir, e elas recuaram, confusas, instáveis.— Finalmente... — o Lupino Corrompido sussurrou, sua voz vibrando dentro de mim com uma excitação sombria. — Você sente isso, Nyla? Isso é o que você é. Isso é o que sempre deveria ter sido.Eu não respondi. Não poderia me dar ao luxo de perder o foco. O poder era avassalador, intoxicante, e a linha entre controle e caos era fina demais para qualquer desvio. Mas ago
Nyla | dia 13, dezembro de 2019 — O Chamado do AbismoAs sombras ao nosso redor se moviam com uma rapidez inumana, envoltas em uma escuridão densa que parecia absorver toda a luz ao seu redor. A floresta, normalmente um lugar familiar e seguro, agora era uma prisão sufocante, cercada por forças que eu ainda não compreendia completamente. Cada movimento que as sombras faziam parecia carregado de intenção, como se estivessem nos encurralando lentamente, testando nossa resistência.Meus sentidos estavam em alerta máximo, o Lupino Corrompido dentro de mim agitado como nunca antes. Ele estava desesperado para se libertar, sua voz crescendo em minha mente como um trovão.— Você está no limite agora, ele sussurrou, sua voz insidiosa e sedutora. — Essas sombras, essa força... você não pode derrotá-las sem mim. Tudo o que fez até agora foi em vão. Sem mim, você vai cair, e sua preciosa alcateia será destruída.Eu respirei fundo, tentando manter o controle. Não podia me dar ao luxo de fraquejar
Nyla | dia 13, dezembro de 2019 — Sombras que EspreitamA manhã chegou carregada de um silêncio pesado, como se o mundo estivesse esperando que algo terrível acontecesse. A alcateia estava em alerta, mas havia uma tensão inquietante no ar, uma calma enganosa que parecia anunciar a tempestade. Os guerreiros se movimentavam com eficiência, realizando suas tarefas habituais, mas eu podia sentir o medo por trás de seus olhos, escondido sob a superfície.Eu não disse nada a eles sobre a figura que vi na noite anterior. Havia algo tão estranho, tão sobrenatural na forma como ela desapareceu que parecia além da compreensão. E eu sabia que, se falasse sobre isso, só aumentaria o pânico entre os lobos. Mas a verdade era inegável — estávamos sendo observados.— Você sente isso também, não sente? — O Lupino Corrompido sussurrou em minha mente, sua voz baixa, insidiosa. — Algo grande está vindo. E quando chegar, você precisará de mim. Está vendo como seu poder sozinho não é suficiente?Eu o ignor
Nyla | dia 12, dezembro de 2019 — A Sombra PersistenteO amanhecer chegou de maneira suave, trazendo consigo a luz pálida de um sol que parecia hesitante em tocar a floresta coberta de neve. Os guerreiros da alcateia estavam mais calmos agora, seus olhares carregados de um alívio cauteloso. A fonte da magia que havia corroído nossas mentes e corações estava destruída, e, com ela, a ameaça imediata parecia ter se dissipado. Mas, mesmo com a clareira mais tranquila, eu sabia que a paz que conquistamos era frágil.Eu caminhei lentamente até a beira da floresta, sentindo o frio do vento cortar meu rosto. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, como se o peso de tudo o que acontecera estivesse finalmente começando a se instalar em meus ossos. A batalha contra a criatura sombria havia acabado, mas o Lupino Corrompido ainda estava dentro de mim, mais quieto agora, mas ainda presente — sempre esperando, sempre observando.Eu fechei os olhos, tentando silenciar a presença constante em
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