Nyvie, uma pequena garota adorada na alcatéia, chega aos seus tão sonhados 18 anos, porém não é nada como esperava, ela se apaixona pelo garoto novo sombrio que chega a escola e acaba com segredos sendo revelados.
Leer másPOV Nyvie
Acordei pelo menos uma hora antes do despertador tocar, não por vontade própria, mas pela voz da minha mãe ecoando pela casa como a ordem de um Alfa: — Nyvie, querida, tá na hora! O café da manhã já tá na mesa! Revirei os olhos, ainda deitada, enterrando o rosto no travesseiro com um resmungo abafado. Era sempre assim. Não importava o quanto eu protestasse, ela insistia naquele ritual matinal como se o destino do mundo dependesse de panquecas quentinhas, não vou negar que eu amava esse cardápio, podia sentir o cheiro delas do meu quarto. — Mãe, já falei que não precisa me acordar antes do despertador, eu acordo às oito. — gritei de volta, sabendo que não adiantava discutir. — Filhinha, as panquecas com calda de chocolate vão esfriar, são as suas favoritas! Eu tenho um parto cedo no hospital da matilha, então não vou conseguir te esperar pra gente comer juntas. Suspirei, derrotada pela ameaça mais poderosa que conhecia: panquecas com calda de chocolate, eu não poderia perder isso. — Tá bom, já tô descendo. Eu cuido da louça depois, tá? Te amo mãe. — Também te amo, meu bem. Boa aula! Se cuida florzinha.— respondeu e em seguida, o som da porta se fechando com aquele clique suave que selava seu adeus apressado. Ela adorava me provocar me chamando de florzinha, já que nosso sobrenome era Flower, herdado de meu pai. Mas confesso que adoro esse sobrenome. Minha mãe, Beth, não era só uma mãe incrível. Era a Curandeira e Médica-Chefe da nossa alcatéia, um verdadeiro furacão de competência e doçura quando se tratava de trabalho. Mesmo com uma equipe inteira à disposição, fazia questão de estar presente nos casos mais críticos: partos, ferimentos graves, filhotes doentes. Era como se não conseguisse confiar plenamente em ninguém, que não fosse ela mesma. E ainda assim... nunca deixava de cuidar de mim como se eu ainda fosse a pequena filhote de anos atrás, eu já estava com dezessete anos. Desci as escadas me arrastando, mas despertei de vez com a visão da mesa posta. Panquecas douradas cobertas com calda brilhante, frutas cortadas milimetricamente em cubos perfeitos, bolo ainda soltando vapor que ela deve ter acabado de tirar do forno, suco de laranja natural... e um café expresso feito na cafeteira. Agradeci silenciosamente à Deusa da Lua, por ter me dado aquela mulher em minha vida. Comi devagar, saboreando cada detalhe como se fosse minha última refeição antes do apocalipse zumbi. E depois, deixei a cozinha tão impecável que ninguém acreditaria que um furacão de fome e sono passou por ali, no caso eu. Subi de volta, tomei um banho quente que lavou a preguiça e a saudade da cama, me arrumei no piloto automático. Maquiagem leve, só pra destacar meus olhos verdes como relva molhada, era de um tom escuro e ia clareando no meio, herança direta da minha mãe. Os cabelos negros caíam em ondas soltas até a cintura, o uniforme branco com detalhes verdes fazia contraste com minha pele clara. O símbolo do lobo uivando para a lua no peito parecia brilhar mais do que devia, Silver Moon era o nome de minha alcatéia. Simples, mas elegante na medida do possível. Encarei meu reflexo no espelho por alguns segundos. Pronta. Ou quase isso. A escola ficava a poucas ruas de casa, uma das vantagens de ser filha do antigo beta da alcatéia. Meu pai sempre foi respeitado, ele era o braço direito do Alfa Garrett. Um verdadeiro guerreiro. Ele lutava ao lado de meu tio Harry. Ele não era meu tio, mas eu o considerava, pois ajudou meus pais a cuidar de mim. Até que ele morreu. Dois anos atrás, defendendo a fronteira contra lobos renegados. Lembro de cada detalhe: a ligação inesperada do Alfa, o silêncio pesado do outro lado da linha... e então o grito da minha mãe. Um som tão desesperado, que ainda vibra dentro de mim quando fecho os olhos. Eu odiava lembrar o dia que perdi meu pai. Quando um vínculo de companheiro se rompe, não é só dor. O lobo que ainda permanece vivo, perde parte de sua alma. Ela nunca mais foi a mesma. E eu... aprendi a sorrir mesmo com o peito estilhaçado. Cheguei à escola e fui recebida com o impacto de dois furacões humanos. — NYVIIIE! — gritaram Sther e Robert ao mesmo tempo, me cercando em um abraço tão apertado que pareciam dois ursos. . E ali, naquele instante sufocada de carinho, lembrei do quanto era bom ter amigos verdadeiros como eles. Nós três éramos inseparáveis desde sempre. Crescemos juntos, treinamos juntos, sobrevivemos aos dramas adolescentes juntos. Os mais velhos nos chamavam de “os três mosqueteiros”, o que sempre nos arrancava uma risada. Éramos diferentes, mas nos completávamos. Uma pequena matilha dentro da matilha Silver Moon. E sabíamos que, ao completar dezoito, tudo mudaria. Os nossos companheiros apareceriam... e nossas vidas poderiam seguir por caminhos que talvez nos separassem para sempre. Mas por enquanto, eu só queria isso. Eles ao meu lado e nossas risadas sinceras. E, quem sabe, num golpe da Deusa da Lua, nossos companheiros predestinados se dessem bem também. Talvez fosse um sonho bobo. Mas era o meu sonho. E eu ainda não estava pronta para abrir mão dele.POV Nyvie O sol estava se pondo em tons dourados e avermelhados sobre as colinas da alcatéia Moonveil. A brisa era morna, cheirava a lavanda e esperança, e o céu estava limpo, como se a própria Deusa tivesse decidido pintar aquele dia com perfeição. Eu estava diante do espelho, a mão repousando sobre a barriga já arredondada. Victor correu para o lado de fora com Clara e Sarah, todos mais crescidos agora, Victor com seus olhos brilhantes, Clara com os cachos dourados e o temperamento forte, e Sarah, a pequena irmã de Kael, que herdou os olhos do pai e o sorriso tranquilo da avó. — Luna Nyvie — Vicky entrou no quarto, também acariciando a barriga enquanto sorria — Você está radiante. — Você diz isso porque está grávida e vê beleza em tudo — brinquei, e ela riu, se aproximando para ajustar um fio solto do meu cabelo. — Talvez — respondeu ela — Mas você ainda está radiante. Olivia apareceu logo depois, com uma mão na ba
POV OliviaA manhã chegou com uma brisa fresca, e o sol tímido iluminava as cortinas do quarto. Acordei lentamente, ainda sentindo o calor do corpo de Orion ao meu lado. Ele dormia profundamente, com um dos braços envolto em minha cintura e a respiração leve como um sussurro. Seu rosto sereno, tão diferente do guerreiro feroz que todos conheciam… e ainda assim, tão protetor quanto sempre foi.Toquei seu rosto com carinho, e ele sorriu de olhos fechados.— Bom dia, minha luz — murmurou, a voz rouca de sono.— Bom dia, meu amor.Ficamos ali por mais alguns minutos, até escutarmos passos apressados do lado de fora. Era Clara, com certeza, vindo procurar a gente antes de ir para o jardim com Victor. Mas antes que ela pudesse bater na porta, ouvimos a voz de Helga chamando-a para o café da manhã. Sorri. A rotina já era tão nossa. Pela primeira vez em muito tempo… eu me sentia em casa.Orion se sentou, coçando a nuca.— Acho
POV OrionA casa estava mergulhada no silêncio da noite. O luar atravessava as cortinas bordadas que Olivia escolhera na loja do centro. Olivia estava sentada na beira da cama, os cabelos soltos sobre os ombros e um pijama de algodão leve envolvendo seu corpo com delicadeza. Ela parecia uma pintura viva, seu corpo era perfeito e seu rosto com traços delicados.Eu fechei a porta devagar, para não acordar Clara, que dormia tranquila no quarto ao lado. Quando me aproximei, Olivia levantou os olhos para mim com um sorriso tímido. Meu coração apertou com a ternura daquele gesto.— Tudo bem? — perguntei, me aproximando devagar.Ela assentiu, puxando a coberta ao lado para que eu me sentasse.— Orion... — começou, a voz baixa, como se tivesse medo que as palavras saíssem de alguma forma errada, acho que era trauma por conta da sua antiga alcatéia. — Você tem sido tão bom comigo... com a Clara. Eu sei que não preciso dizer isso, mas… obrigada. P
POV Orion O café da manhã foi uma bagunça deliciosa. Victor derramou mel na camiseta, Clara quase afundou a colher inteira no pote de iogurte e, em algum momento, os dois decidiram que era uma ótima ideia tentar alimentar um ao outro. Metade da comida foi parar na mesa e a outra metade, nos cabelos. Olivia estava rindo tanto que mal conseguia comer. Era um som leve, que me aquecia mais do que qualquer coisa. A cada gargalhada dela, meu peito se enchia com um sentimento que nem eu, nem Dark, conseguiríamos descrever. — Isso foi divertido — ela disse, tentando limpar a testa de Clara, que agora estava manchada de morango. — Foi uma guerra, isso sim! — respondi, rindo, enquanto Victor lambia os dedos e murmurava um “agora acabou” com a boca cheia. Foi então que a porta da cozinha se abriu com um baque leve. — Espero que tenham guardado comida pra gente — disse Nyvie, entrando com Kael logo atrás.<
POV Orion A manhã chegou suave, com os primeiros raios do sol atravessando as frestas da janela, lançando padrões dourados sobre a colcha. Eu ainda estava acordado, mesmo depois de ter passado a maior parte da noite observando Olivia dormir. Tinha medo de fechar os olhos e descobrir que tudo aquilo era um sonho. Mas não era. Ela estava ali. Nos meus braços. Respirando devagar. Era minha. Um leve barulho do lado de fora me tirou do devaneio. Senti passos apressados pelo corredor e um sussurro animado que soava como um trovãozinho alegre prestes a explodir. A porta se abriu devagar... e então, Clara entrou correndo no quarto com um sorriso largo e olhos brilhando de entusiasmo, carregando o lobinho rosa que não largava nem para dormir. — Papaiiii! — ela pulou na cama com toda a energia de uma criança que teve um sonho bom. — Acorda! O sol chegou! Antes que eu pudess
POV OrionA casa estava em silêncio quando entrei no quarto com Olivia. Victor já dormia em seu quarto ao lado de Clara, agarrada ao lobinho rosa que Kael havia lhe dado. Olivia mantinha os olhos atentos a cada detalhe da casa, como se tivesse medo de tudo desaparecer a qualquer segundo.— É aqui — falei suavemente, empurrando a porta com o ombro. — Nosso quarto.Ela deu um pequeno sorriso, tímido, e adentrou o espaço.Era um ambiente amplo, com tons de madeira escura e detalhes em cinza e azul. A cama grande, de cobertas grossas e travesseiros macios, dominava o centro do cômodo. A lareira crepitava num canto, lançando sombras dançantes nas paredes. Algumas estantes continham livros e desenhos antigos de Victor, que eu havia guardado com carinho. O cheiro de eucalipto e lavanda pairava no ar.— É... lindo — ela murmurou, com os olhos brilhando.Me aproximei, com calma, e toquei levemente sua mão.— Vem, vou te mostrar o
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