Na manhã seguinte, Mila acordou antes do alarme. Não era mais apenas o desconforto que a tirava da cama, mas algo que não sabia nomear — talvez curiosidade, talvez uma forma tímida de esperança.
O céu estava limpo, e uma brisa fria entrava pela fresta da janela, espalhando o cheiro de terra úmida pela casa.
Por um instante, ela ficou deitada, observando o feixe de luz que tremulava no teto, até sentir o impulso de sair. Precisava de ar. Precisava se afastar do peso das cartas, do som dos e-mails chegando, da voz dela mesma ecoando entre aquelas paredes.
Vestiu um casaco grosso, calçou as botas e pegou a chave. Antes de sair, olhou por cima do ombro — a casa parecia menos hostil do que no primeiro dia. Menos vazia.
Talvez fosse só o fato de ter passado tantas horas ali dentro. Ou talvez alguma parte dela já estivesse baixando a guarda.
O caminho até o mirante não era longo, mas subia em curvas suaves pela encosta. O calçamento irregular obrigava a caminhar devagar, o que combinava com