O dia clareou preguiçoso, com uma luz fosca que não chegava a espantar o frio. Mila tomou café encostada na pia, olhando as sombras que se moviam no quintal.
O mato que começara a arrancar parecia mais contido agora, como se a terra tivesse aceitado a mudança. A visão trouxe um inesperado conforto.
Estava prestes a entrar para organizar as planilhas do trabalho quando ouviu o som de um motor estacionando no portão.
Ergueu as sobrancelhas. Não esperava ninguém.
Instantes depois, Blerim apareceu na soleira, batendo de leve antes de entrar. Trazia o casaco dobrado sobre o braço e um jeito cauteloso de quem vinha propor algo que talvez não fosse bem recebido.
— Bom dia — ele disse, medindo o tom da voz.
— Bom dia. — Mila inclinou a cabeça, curiosa. — Aconteceu alguma coisa?
— Não exatamente. — Ele fez uma pausa. — Estava conversando com um conhecido que tem uma loja de móveis antigos em Gjirokastër. Comentei — de passagem — sobre os móveis que você não pretende manter. Ele ficou interessa