O entardecer caiu sobre a mansão Nascer como um véu dourado.
O ar tinha cheiro de chuva recente e pão quente.
Da varanda, o som distante da cidade se misturava ao farfalhar das árvores, e dentro da casa, o tempo parecia correr num ritmo próprio — o ritmo de quem reaprende a viver.
Pedro estava na poltrona da sala, pernas estendidas sobre o apoio, uma manta leve cobrindo o corpo.
Rose, de moletom cinza e cabelo solto, andava de um lado pro outro, arrumando os últimos detalhes da casa — recolhendo papéis, organizando flores, abrindo janelas.
Cada gesto dela era simples, mas Pedro a observava como se estivesse vendo um milagre.
— Sabe — disse ele, com o tom sereno de quem está se acostumando a falar devagar —, eu podia me acostumar com essa vida de rei mimado.
Ela riu, sem olhar pra ele. — Rei mimado não. Paciente rebelde.
— Rebelde, eu? — ironizou, arqueando uma sobrancelha. — Eu só pedi um copo d’água.
— Depois do copo, pediu torradas, café, jornal, e um beijo de boa tarde. — enumerou,