O dia amanheceu calmo, com o tipo de silêncio que só existe depois da guerra.
O hospital inteiro parecia se mover em câmera lenta — enfermeiros trocando turnos, o cheiro de desinfetante misturado ao café, e o sol se insinuando pelas frestas das cortinas como se pedisse permissão pra entrar.
Pedro estava sentado na beira da cama, vestindo uma camisa simples, os cabelos ainda úmidos do banho. O rosto estava mais cheio de vida, o olhar mais firme, e havia algo novo na postura dele: paz.
Rose arrumava a mochila pequena, dobrando as roupas com um cuidado que mais parecia um ritual.
— Pronto pra voltar ao mundo, herdeiro? — perguntou, com um sorriso leve.
— Não sei se tô pronto pro mundo… — respondeu ele, ajeitando o curativo no braço. — Mas tô pronto pra voltar pra você.
Ela parou por um segundo, segurando o zíper da mochila.
Aquela frase, dita sem pose, doía de tão bonita.
— Cuidado com essas palavras, Pedro Nascer — provocou, tentando disfarçar a emoção. — Eu costumo levar promessas a sé