Acordei com um estalo seco da fechadura.
O som atravessou o quarto como um tiro, cortando o pouco ar que restava.
A dor vinha em ondas — nas costelas, no rosto, nas mãos amarradas. O gosto de ferro e sangue me lembrava que eu ainda estava vivo, mas por pouco.
O lugar cheirava a mofo e ferrugem.
As paredes eram cinzentas, sem janelas, e o único ponto de luz vinha de uma lâmpada pendurada por um fio torto no teto.
O silêncio era tão espesso que até meus pensamentos faziam barulho.
Tentei me mover, mas o corpo não respondeu.
Os pulsos estavam presos por correntes curtas a uma barra de ferro.
Cada vez que eu puxava, o som do metal ecoava — clang, clang — um lembrete cruel de que eu não mandava mais em nada.
“Rose...”
O nome escapou num sussurro, rouco, sem força.
Fechei os olhos e o rosto dela apareceu — o olhar firme, o jeito de falar como quem nunca teme nada.
Lembrei da última coisa que ouvi: o grito dela e o som do carro capotando.
Depois, escuridão.
Meu peito apertou, a respiração fa