O som do ferro se arrastando no chão foi o primeiro aviso.
Depois, passos. Vários.
Pesados, precisos, como se cada um viesse com a intenção de esmagar o que ainda restava de mim.
A porta se abriu devagar, e a luz do corredor cortou a escuridão como uma lâmina.
Três homens entraram primeiro — capangas, armados até os dentes. O rosto coberto, o olhar vazio.
Entre eles, um perfume doce invadiu o ar. Conhecido.
Falso.
O salto ecoou pelo chão de concreto.
E então eu vi.
— Achei que já tivesse morrido — a voz veio leve, quase divertida.
Sophia.
O tempo parou.
Aquela mulher, que durante anos viveu à sombra da nossa família, agora estava ali, olhando pra mim como quem saboreia a própria vitória.
— Não posso morrer ainda — respondi, rouco. — Você ainda não me pagou o que me deve.
Ela riu, um som frio, afiado.
— Ainda arrogante. Mesmo acorrentado. Eu quase admiro isso.
Aproximou-se, os olhos claros brilhando sob a luz fraca.
Tocou meu rosto com os dedos, como se limpasse a sujeira — ou marcasse