A cidade dormia em silêncio, mas o asfalto rugia.
O comboio da família Nascer cortava as avenidas de Porto Fino como uma flecha reluzente — três carros pretos, vidros escurecidos, rotas alternadas e a tensão suspensa no ar.
Rose estava no banco de trás, o olhar firme no espelho retrovisor.
Pedro ao lado, terno ainda impecável, mas o rosto já denunciava o cansaço — e algo pior: a preocupação.
Carlos, no volante, trocava marchas com precisão cirúrgica.
O relógio marcava 00h47.
Aquele era o tipo de horário em que o perigo gosta de respirar.
— Tudo limpo no radar térmico. — disse Carlos, sem desviar os olhos da pista. — Mas não gosto desse silêncio.
Rose assentiu, a mão pousada no coldre sob o vestido. — Eu também não.
Pedro olhou de relance para ela. — Você tá com essa expressão desde que a gente saiu do salão.
— Intuição não some, Pedro. — respondeu, sem tirar os olhos da estrada. — Ela só espera o momento de gritar.
Ele abriu a boca pra retrucar, mas o grito veio — alto, metálico, cort