O dia começou com um silêncio estranho. Não era o silêncio da paz, mas da espera. Rose acordou cedo, como sempre, mas percebeu que o corpo pesava mais do que de costume. A noite mal dormida deixara marcas nos olhos, e a lembrança do bilhete na garagem martelava em sua mente.
Pedro não estava na cobertura. Encontrou apenas a xícara suja de café sobre a mesa e o paletó dele largado no encosto do sofá. Rose acionou imediatamente o comunicador com a equipe de segurança, mas nenhum alarme havia disparado. Ele não saíra do prédio.
Percorreu os corredores até encontrá-lo no salão de treino, deitado no tatame, olhando fixo para o teto. Não parecia cansado — parecia esgotado de dentro para fora.
— Está tentando treinar sozinho? — ela perguntou, parada na porta.
Pedro virou o rosto devagar, os olhos vermelhos de quem não dormira.
— Estou tentando lembrar quem eu sou.
Rose franziu o cenho, aproximando-se com passos firmes.
— O que quer dizer com isso?
Ele se sentou, puxando a barra da camiseta p