O dia amanheceu abafado, o céu pesado como se anunciasse tempestade. Na cobertura, Rose revisava a rotina de segurança pela terceira vez. Mapas, relatórios, turnos dos seguranças externos, reforço das câmeras — tudo parecia sob controle. Mas, no fundo, sabia que não estava. Não porque os sistemas fossem frágeis, mas porque ela mesma estava se tornando vulnerável.
Desde o quase-beijo no salão, cada gesto de Pedro tinha outro peso. Cada olhar parecia uma provocação calculada, cada palavra vinha carregada de algo que não cabia nos relatórios que ela tanto revisava.
— Você já decorou essas folhas de tanto olhar. — a voz dele a interrompeu.
Rose levantou os olhos. Pedro estava encostado no batente da porta, de calça jeans escura e camisa aberta no peito, o cabelo bagunçado como se tivesse acabado de sair da cama. O sorriso de canto estava lá, mas havia cansaço nos olhos.
— É meu trabalho. — ela respondeu, seca, voltando os olhos para os papéis.
— Não, Almeida. — Ele avançou, aproximando-se