O aroma do café recém-passado se espalhava pela mansão como um lembrete de que o tempo, enfim, voltava a andar.
A cozinha, antes silenciosa e fria, tinha de novo o som dos talheres, o chiado da frigideira e o tilintar das xícaras sobre a mesa.
Era um som doméstico, quase banal — e justamente por isso, precioso.
Pedro desceu as escadas devagar, apoiando-se no corrimão.
O corpo ainda doía em alguns pontos, mas a alma… essa parecia leve pela primeira vez em muito tempo.
O sol entrava pelas janelas, dourando o piso de madeira, e o cheiro de pão quente se misturava ao perfume de flores que Rose deixara no hall.
Antônio já o esperava à mesa, lendo o jornal com os óculos no meio do nariz.
Quando o viu, abaixou o jornal e sorriu.
— Bom dia, filho. Dormiu bem?
Pedro assentiu, puxando a cadeira. — Melhor do que mereço, acho.
Antônio serviu o café na xícara dele. — Ninguém “merece” descanso, Pedro. A gente conquista. E você conquistou o seu.
Por um instante, ficaram em silêncio. Só o barulho do