A casa dormia.
Do lado de fora, o vento arrastava as cortinas como se quisesse espiar o que vinha depois.
Dentro, o silêncio era um fio tenso entre dois corações que tinham aprendido a esperar.
Pedro estava na varanda, o copo de vinho esquecido ao lado, olhando as luzes da cidade refletirem nos olhos dele.
Rose o observava da porta — a sombra alta, o perfil recortado pela penumbra.
Havia algo diferente ali: não era apenas o homem que sobreviveu… era o homem que voltou.
Ela se aproximou sem dizer nada.
Os passos sobre o chão de madeira soaram leves, quase tímidos.
Quando ele percebeu, virou-se — e o olhar bastou.
Não havia palavra que coubesse naquele instante.
— Não consegue dormir? — perguntou ela, com a voz baixa.
— Não. — Ele sorriu de lado. — Acho que o corpo ainda não aprendeu o que é paz.
Rose se aproximou mais. — Então deixa que eu ensino.
O riso dele morreu nos lábios.
Por um momento, ficaram apenas respirando o mesmo ar.
O vento trouxe o cheiro dela — sabonete, vinho e algo q