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O Herdeiro Secreto do Mafioso
O Herdeiro Secreto do Mafioso
Por: Isa Fernandes
Capítulo 1 – Uma noite em Veneza

O som da água batendo nas margens de pedra era quase hipnótico. Um sussurro constante que acompanhava meus passos apressados nas vielas. Eu andava como se fosse dona da cidade, mas a verdade é que não me sentia dona nem da minha própria vida.

Veneza sempre foi um sonho, mas não assim — sozinha, cansada e tentando provar algo para um grupo de executivos que mal sabia pronunciar meu nome. A viagem era a trabalho: três dias de reuniões e sorrisos engessados, noites no hotel alimentando relatórios e silêncios.

Mas naquela noite, algo mudou.

— Você deveria sair. Nem que seja só para respirar algo diferente de planilhas e café requentado — a voz da Mariana, minha melhor amiga e sócia, ecoou na memória. — Vai viver um pouco, Luna. Você tá em Veneza!

Foi por isso que aceitei o convite.

Um dos anfitriões sugeriu um restaurante “para poucos”, longe dos pontos turísticos. Caminhei por ruas estreitas, entre o cheiro da maresia e de pão recém-assado. Varais se estendiam de sacada a sacada, com lençóis brancos dançando ao vento.

O local se escondia atrás de uma porta de madeira escura, com uma antiga lanterna tremeluzente. Dentro, paredes de pedra, castiçais e toalhas bordadas. Um violino tocava baixo ao fundo.

Mas nada disso me atingiu tanto quanto ele.

Encostado no balcão, de costas para a luz, alto, barba por fazer, cabelos negros desalinhados de propósito. Ombros largos sob um terno impecável, um homem deslocado daquele cenário, como se pertencesse a outro mundo — mais perigoso e refinado. Os olhos… escuros e atentos, como se observassem tudo, mas não se deixassem observar.

O garçom me conduziu até o balcão. Ele me viu. E quando nossos olhares se cruzaram, foi como se o ambiente inteiro tivesse silenciado.

— Se for vinho tinto, escolha o da casa. O branco é amargo demais. — A voz veio baixa, segura, e de um português com leve sotaque.

— Você sempre dá dicas não solicitadas para estranhas? — retruquei.

— Só quando elas parecem precisar de uma desculpa para quebrar as próprias regras.

Eu ri. Pela primeira vez em dias.

Sentamos lado a lado. Ele pediu vinho tinto, eu, ravioli.

— Você sempre janta sozinho? — perguntei.

— Só quando vale a pena — respondeu, mantendo o olhar em mim. — E hoje vale.

— Como pode ter tanta certeza? — provoquei.

— Eu sei reconhecer quando uma noite não deve acabar cedo.

Conversamos sobre Veneza, a música, o vinho… mas havia outra conversa acontecendo sem palavras.

Quando percebi, já estávamos no meu hotel.

Não me pergunte como aconteceu. Mas não houve pressa, nem promessas, só um ato inconsequente pela quantidade de vinho exacerbada que tínhamos tomado. 

Após tanto vinho, risadas e conversas ao pé do ouvido, surgiu apenas um desejo urgente de viver algo que não fizesse sentido. Não havia mais música, nem garçons, nem o tilintar dos copos ao redor. Só o som abafado da porta se fechando atrás de nós e a respiração dele, próxima o bastante para aquecer minha pele.

Fiquei parada, observando aquele homem como se estivesse diante de um perigo irresistível. Alto, ombros largos, presença que ocupava o quarto inteiro. O peito firme sob a camisa escura aberta no primeiro botão deixava à mostra um traço de pele quente e bronzeada. Os olhos negros me analisavam com calma predatória, como quem decide a melhor forma de devorar uma presa.

Ele não perguntou nada. Não sorriu. Só me olhou como se já soubesse que eu iria até ele. E fui.

Soltei os sapatos devagar, mas antes que pudesse dar o segundo passo, ele fechou a distância e tomou posse do espaço entre nós. Segurou meu rosto com força, os dedos firmes no meu queixo, me obrigando a encará-lo. Então me beijou — sem aviso, sem pedir licença. Um beijo profundo, quente, que me fez esquecer como respirar.

Sua mão deslizou para minha nuca e puxou meu cabelo, arrancando de mim um suspiro involuntário. Senti o peso do seu corpo contra o meu, a dureza inconfundível pressionando minha barriga, e meu corpo respondeu antes que minha mente processasse.

Ele me ergueu com facilidade, como se eu não pesasse nada, e minhas pernas se encaixaram automaticamente em volta do seu quadril. O contato me arrancou um arrepio inteiro. Ele andou até a cama sem me soltar, me jogou sobre o colchão e veio por cima, prendendo meus pulsos acima da cabeça por um segundo — só para mostrar que podia.

Suas mãos deslizaram pela lateral do meu corpo, subindo meu vestido sem cerimônia. Cada toque era firme, exigente, como se quisesse marcar meu corpo com a memória dele.

— Você é minha essa noite — murmurou contra minha boca, a voz grave, quase um comando.

Senti os dentes dele arranharem meu pescoço antes de descerem para minha clavícula. Beijos quentes e molhados, alternados com leves mordidas, como se estivesse testando até onde podia me levar. Meu vestido já estava no chão quando percebi que estava nua sob o peso dele.

Ele afastou minhas pernas com as suas e me penetrou de uma vez, profundo, arrancando de mim um gemido que preencheu o quarto. O ritmo era intenso, firme, cada investida mais precisa que a anterior.

Segurava meus quadris com tanta força que eu sabia que sentiria sua marca no dia seguinte. Os olhos dele estavam cravados nos meus, como se quisesse que eu soubesse que ele estava no controle — mas que faria tudo para me levar junto.

Meu nome escapou de seus lábios em um sussurro rouco, e aquilo me fez estremecer. Eu me perdi no calor, no ritmo, na força dele. Não havia mais Veneza, não havia mais passado ou futuro. Só nós dois, e a sensação de que ele queimaria o mundo inteiro se eu pedisse.

Quando o clímax nos atingiu — quase ao mesmo tempo —, não foi só físico. Minhas pernas trêmulas, meu corpo completamente suado me impedia de negar o quão relaxada eu estava. Ainda sentindo seu líquido escorrer entre minhas pernas, ele sussurrou:

— Você não vai me perguntar meu nome? — os lábios encostando no meu ombro enquanto eu ainda sentia meu corpo vibrar. 

— Você quer me dizer? — perguntei, ainda deitada de bruços, com um sorriso relaxado no rosto e olhos entreabertos.

Ele sorriu. Um sorriso que parecia quebrar algo nele.

— Vamos ficar assim. Somos só isso, por enquanto. Uma aventura.

Estávamos tão cansados que dormimos. Juntos. De verdade. Como se não fossemos dois desconhecidos. 

Mas quando acordei… Ele não estava mais ali.

Olhei para o lado. O travesseiro ainda tinha a marca da cabeça dele. Os lençóis estavam amassados, quentes. Mas o quarto estava silencioso demais. Eu não fazia ideia de quantas horas tinham se passado, quando levantei, peguei o roupão do hotel e caminhei até a porta. Nenhum bilhete. Nenhuma pista. Só o cheiro dele ainda no ar — um perfume amadeirado, com algo de couro e tabaco.

Foi quando vi a pequena mancha no chão.

Do lado da cama, perto da poltrona onde ele tinha jogado o paletó. Uma gota seca de sangue. O coração disparou. Toquei a mancha com os dedos e senti a textura áspera, confirmando que não era imaginação. Ele foi embora. Rápido. Talvez às pressas. Talvez ferido.

Encostei na parede e fechei os olhos, sentindo um frio estranho no estômago. Tentei lembrar se ele parecia ferido durante a noite, mas ainda estava tudo muito turvo por conta do vinho. Apesar de não saber praticamente nada sobre aquele homem, algo me deixava totalmente em alerta. Respirei fundo e olhei para fora da janela. A cidade acordava devagar, banhada por uma névoa dourada que cobria os canais.

Mas dentro de mim, algo já tinha mudado.

E eu ainda não fazia ideia do quanto.

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