O dia nasceu como se houvesse sido ensaiado. O primeiro raio de luz quebrou a névoa do lago, atravessou as janelas altas da Villa Bellini e pousou no meu rosto com a doçura de um chamado. Respirei devagar. O ar tinha cheiro de lavanda e pão fresco vindo da cozinha. Os sinos da igreja tocaram, longos, e por um segundo tive a sensação de que o tempo decidiu caminhar no nosso ritmo.
— Bom dia, noiva. — Vanessa apareceu na porta com duas xícaras fumegantes. — Trouxe café e coragem.
— Na mesma dose?
— Coragem sempre precisa de refil. — Ela me estendeu a xícara. — Como você tá?
— Estranhamente… calma. — E era verdade. O coração acelerava às vezes, mas não como medo. Era expectativa. A certeza de estar entrando num lugar que já me esperava.
Camila entrou logo depois com um robe claro no braço e grampos entre os dentes.
— Levanta, protagonista. Hoje é close certo. — Tirou os grampos para falar, dramática. — E eu, como sua estilista espontânea, decreto que você vai casar com o coque mais lindo