Três semanas se passaram desde Veneza. Três longas, silenciosas, irritantemente confusas semanas.Voltar para São Paulo foi como mergulhar de novo na mesma rotina sufocante de sempre: trânsito infernal, compromissos que se multiplicam sozinhos, e-mails que parecem brotar como praga. Eu sempre tive a impressão de que vivia atrasada para alguma coisa. Mas, dessa vez, havia algo diferente. Um peso constante. Um incômodo que não me deixava em paz, como uma pedra no sapato, só que no estômago.O desaparecimento dele depois daquela noite não ajudava. Eu não esperava nada, nem número de telefone, nem bilhete, nem um emoji perdido no W******p. Mas, ao mesmo tempo… talvez eu esperasse. A ausência dele me deixou confusa. Talvez fosse só curiosidade. Ou talvez fosse meu corpo tentando me avisar de algo que minha mente, teimosa, se recusava a entender.Naquela noite, o som dos teclados ecoava pela sala de vidro como se fosse parte de uma tortura medieval. Todo mundo já tinha ido embora, menos eu e
Ler mais