O som da água batendo nas margens de pedra era quase hipnótico. Um sussurro constante que acompanhava meus passos apressados nas vielas. Eu andava como se fosse dona da cidade, mas a verdade é que não me sentia dona nem da minha própria vida.Veneza sempre foi um sonho, mas não assim — sozinha, cansada e tentando provar algo para um grupo de executivos que mal sabia pronunciar meu nome. A viagem era a trabalho: três dias de reuniões e sorrisos engessados, noites no hotel alimentando relatórios e silêncios.Mas naquela noite, algo mudou.— Você deveria sair. Nem que seja só para respirar algo diferente de planilhas e café requentado — a voz da Mariana, minha melhor amiga e sócia, ecoou na memória. — Vai viver um pouco, Luna. Você tá em Veneza!Foi por isso que aceitei o convite.Um dos anfitriões sugeriu um restaurante “para poucos”, longe dos pontos turísticos. Caminhei por ruas estreitas, entre o cheiro da maresia e de pão recém-assado. Varais se estendiam de sacada a sacada, com len
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