“ Sacrifico o meu orgulho todas as vezes que me rendo ao prazer de te ter, mesmo sabendo que posso me perder em você.”

Clara Vasconcelos 

Entrei no quarto em silêncio, como quem pisa num templo. 

Fechei a porta com cuidado e fiquei alguns segundos encostada nela, respirando. O vestido, pesado e cansado, deslizava pelo meu corpo como uma lembrança que eu não queria guardar. Com as mãos trêmulas, soltei os botões e o zíper devagar, sentindo cada costura se abrir como se me arrancasse a pele. O tecido branco deslizou até o chão, formando um círculo ao redor dos meus pés. Olhei para aquele vestido de noiva que não era meu e engoli em seco, como se só então tivesse consciência do peso que carreguei o dia