Foi Emil quem apareceu primeiro, batendo leve à porta do chalé com os dedos protegidos por luvas grossas.
— Tem focas hoje — anunciou, como quem entrega um segredo importante. — Quer ver?
Madeleine piscou, surpresa. Estava reorganizando seus desenhos, mas a ideia de sair — e de estar com ele — pareceu mais urgente do que qualquer linha inacabada.
— Quero sim. Deixa só eu pegar meu casaco.
A trilha que levava até a costa era estreita, com pedras escorregadias escondidas sob a neve. Emil ia na frente, com passos seguros, como quem conhece cada desnível. De vez em quando virava o rosto para ver se ela o acompanhava.
— Você faz isso sempre? — perguntou Madeleine.
— Quando elas aparecem, sim. Não são fáceis. Mas hoje tá calmo, e o gelo ainda não cobriu tudo.
O silêncio entre eles não era desconfortável. Era o tipo de silêncio que parecia dizer: “Estou aqui”. Madeleine o sentia como um cobertor leve — não sufocante, mas presente.
Chegaram a uma pequena enseada protegida por rochas baixas. A