A manhã chegou com cheiro de sal e vento fresco. O céu, sem nuvens, refletia no fiorde como um espelho gelado. Madeleine acordou cedo, não por hábito, mas por intuição — como se algo no ar sussurrasse que valia a pena levantar.
Ainda sonolenta, arrumou o cabelo em um coque solto, vestiu o casaco mais grosso que encontrou e desceu com a caneca de chá fumegante nas mãos. Quando abriu a porta, encontrou Erik já parado à frente do chalé, encostado no velho jipe com a naturalidade de quem nunca tinha pressa.
— Acordada cedo assim... era isso ou perder a luz perfeita — disse ele com um sorriso enviesado.
Madeleine ergueu a sobrancelha, confusa.
— Luz perfeita pra quê?
— Estão descarregando o maior lote de bacalhau da temporada. O porto tá vivo. Você devia fotografar.
Ela levou um instante para entender. Depois olhou para o interior do chalé, como se a resposta estivesse guardada entre caixas e gavetas. A câmera. Ainda estava ali. Guardada desde Londres, esquecida sob o peso dos dias.
— Me d