Elizabeth
Eu sempre fui movida por rotina. Trabalho, casa, consultas, exames… tudo me fazia sentir que a vida estava organizada, encaixada. Depois da lua de mel, voltei ao hospital normalmente. Eu amava meu trabalho, amava cuidar das pessoas — e, de alguma forma, aquilo me distraía da ansiedade constante de estar grávida de gêmeos.
Mas, conforme a barriga cresceu, tudo ficou mais difícil. Subir escadas já parecia uma pequena maratona. Me abaixar para examinar um paciente era quase impossível. Eu insistia em continuar, claro. Sempre fui teimosa.
Até que, quando completei quase oito meses, Rogério que além de tudo ainda é especialista em reprodução humana me chamou no consultório dele.
Ele sentou na cadeira giratória, me olhou por cima dos óculos e disse, daquele jeito firme que ele usa quando está preocupado:
— Liz, chega. Você vai parar de trabalhar hoje.
Eu até tentei argumentar.
Tentei dizer que estava bem, que só faltavam algumas semanas, que eu podia ficar mais alguns dias.
Mas