O sol da manhã atravessava a persiana do quarto, criando faixas de luz suave sobre a pele da Elizabeth. Ela parecia ainda mais frágil dormindo daquele jeito, os cabelos caindo pela testa, os lábios entreabertos, respirando naquele ritmo calmo que só vem depois de enfrentar um furacão.
E ela enfrentou um furacão.
Nós enfrentamos.
Os bebês também dormiam, encolhidos nos bercinhos, com aqueles bracinhos minúsculos se mexendo às vezes, como se sonhassem com o próprio peito da mãe. Meu coração sempre apertava quando eu olhava pra eles. Era um tipo de amor que doía.
Eu estava sentado ao lado dela quando a enfermeira bateu na porta, abrindo bem devagarinho.
— Doutor Rogério? ela sorriu. — O senhor já está acordado. Vim avisar que a alta está sendo preparada. Os pediatras passaram há pouco e liberaram os gêmeos também.
Meu coração deu um solavanco.
— Hoje? perguntei, engolindo um misto de alívio e nervosismo.
— Hoje. ela respondeu com doçura. — Só precisamos assinar alguns documentos… mas e