Estela
A primeira noite em casa chegou com um silêncio novo.
Não era o mesmo silêncio tenso do hospital, cheio de bipes e passos apressados. Era um silêncio de lar.
Gui fechou as janelas com cuidado, apagou algumas luzes e deixou só o abajur aceso no nosso quarto. Eu estava deitada, com Luiza aninhada sobre meu peito, escutando o som do seu narizinho respirando de leve.
— Tá tudo bem aí? ele perguntou, voltando do banheiro com a toalha nos ombros.
— Tá sim. Só tô… absorvendo tudo.
Ele se sentou ao meu lado na cama e passou os dedos devagar pela minha perna, depois parou e encostou o queixo no meu ombro.
— Parece um sonho, né?
— E se for, por favor, não me acorda.
Nosso primeiro banho foi mais longo do que deveria. A água morna aliviava as dores, mas também lavava a tensão dos últimos dias.
Depois, com Luiza entre nós no bercinho portátil, nos entreolhamos em silêncio, como se disséssemos: sobrevivemos.
Na madrugada, ela choramingou baixinho. Era fome.
Gui foi mais rápido do que eu. Pe