Fernanda
Sumir por uns dias parecia simples.
Desliguei o telefone. Bloqueei mensagens. Inventei uma viagem. Fiquei fora da boate, longe dos olhos dele, longe das mãos dele. Voltei a fazer programas discretos, com clientes antigos, em hotéis anônimos, como nos velhos tempos.
Achei que poderia respirar.
Mas mesmo no silêncio, sentia ele me rondando. Guilherme era presença mesmo ausente. Era voz que ecoava nos ossos, olhar tatuado nas costas. E quanto mais eu tentava esquecê-lo, mais o corpo lembrava.
Na terceira noite, marquei com um cliente habitual. Um executivo sem graça, que pagava caro e falava pouco. Cheguei no hotel com o sorriso falso que eu já sabia usar. Entramos no elevador. Subimos.
Mas não chegamos ao quarto.
No corredor do 12º andar, antes da porta abrir, duas sombras surgiram.
João.
Me congelaram com o olhar.
— Hora de voltar — disse JP, calmo demais.
— Não tem volta nenhuma. Tô trabalhando — rebati.
João segurou meu braço. Com força. Como quem segura algo que já é seu p