capítulo 59

📓 Narrado por Miguel Satamini — Noite de sábado

Carreguei Clara nos braços até a beira da calçada. A água descia como uma cortina densa, pesando no corpo dela e colando cada centímetro de tecido à pele. Eu a ajeitei melhor no colo, sentindo o vestido escorregar até quase expor mais do que devia.

— Inferno… — rosnei, fechando os olhos por um segundo pra recuperar o mínimo de sanidade.

Com uma das mãos, puxei a camisa que eu tinha arrancado antes e enrolei nos ombros dela, protegendo-a do vento frio, mesmo que já estivesse encharcada. Ela estremeceu, mas não soltou um pio. Apenas deitou a cabeça no meu ombro, respirando ofegante, como se tivesse entregue as rédeas do corpo pra mim.

Atravessei a rua e destravei o carro com um apertar seco na chave. A porta abriu com o estalo metálico, e o interior iluminado pelo painel pareceu outro mundo diante da tempestade. Sentei-a com cuidado no banco de couro, a camisa ainda cobrindo-a como um escudo improvisado.

Ela me olhou. Cabelos
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