📓 Narrado por Miguel
Dias depois.
Convenci Clara a voltar pra cidade comigo.
Não foi fácil nada nela é.
Mas, no fim, acho que foi a primeira vez que a teimosia dela e a minha jogaram pro mesmo lado.
A gente ainda tá se ajustando.
Dividir espaço, rotina, silêncio…
Aprender o peso e o prazer de morar com alguém que te conhece por dentro.
No começo, foi estranho.
Ela acorda cedo, eu trabalho até tarde.
Ela canta lavando a louça, eu odeio barulho na cozinha.
Ela espalha os livros pela sala, e eu tento fingir que não ligo.
Mas a verdade é que, de algum jeito, o caos dela encaixou no meu.
E hoje depois de dias de calmaria e novas guerras eu resolvi levar ela no bar da Augusta.
Aquele mesmo.
Onde eu costumava ir pra tentar esquecer o que agora tá sentado do meu lado.
— Certeza que é aqui? — ela perguntou, franzindo o nariz pro letreiro torto e pro cheiro de cerveja velha que escapava da porta.
— Aqui mesmo. — respondi, com um meio sorriso. — Lugar simples,