Narrado por Clara
O som nítido da porta se fechando atrás de mim ecoou com uma reverberação que parecia desproporcional. Por um breve momento, apoiei minhas costas contra a madeira fria, buscando controlar a respiração que ainda se agitava. O elevador já tinha subido, mas eu ainda carregava o gosto dele na boca. O beijo.
Miguel.
Meu chefe.
Movimentei a cabeça rapidamente, como se desse uma ordem para expelir aquele pensamento. Coloquei a bolsa sobre a mesinha na entrada e acendi a lâmpada com luz suave da sala. O apartamento, embora pequeno, estava em ordem, exatamente como eu gosto: tudo no seu devido lugar. Contudo, a sensação de confusão interna persistia, como uma bagunça emocional que não se dissipava.
Dirigi-me ao quarto, abandonando meus saltos pelo caminho enquanto meus pés agradeciam ao toque do piso frio. Ao me deparar com o grande espelho, comecei a baixar o zíper do meu vestido preto. O som metálico do zíper deslizando parecia reverberar em minha cabeça mais intensame