**Narrado por Clara — Sábado (continuação)**

O café ainda estava quente em minhas mãos, mas minha mente já tinha se perdido em outro lugar. Não na pequena cozinha, não nas paredes claras do meu apartamento. Eu me deixei levar, mesmo que por breves minutos, para um lugar onde o amor não era uma equação, nem um risco, nem uma vigilância constante.

Fechei os olhos, permitindo que a imaginação me transportasse. Visualizei alguém me observando com calma, sem o peso do julgamento ou a curiosidade sobre o que escondia sob as roupas. Imaginei um abraço longo e aconchegante ao final de um dia comum, sem o receio de que o calor do corpo pudesse romper a barreira da minha pele. Imaginei um beijo… um beijo não aquele fugaz que me foi roubado na noite anterior, mas um beijo lento e suave, de quem permanece porque realmente quer ficar.

Suspirei, e, por alguns momentos, permiti-me acreditar que isso era possível. Que eu poderia ser apenas uma mulher comum, com anseios simples, com desejos despret