📓 Narrado por Miguel — Sábado, 08h47 da manhã
O sol batia nas janelas do restaurante principal do resort, refletindo na piscina como se nada tivesse acontecido na noite anterior.
Mas eu ainda sentia o gosto da raiva, seco, preso na garganta.
Desci de camisa clara, sem paletó, o ar condicionado gelando o suor do pescoço.
O silêncio do corredor foi trocado pelo burburinho do café da manhã risadas, talheres, cheiro de café fresco misturado com perfume caro e hipocrisia.
E lá estava ele.
Lacerda.
Camisa branca aberta demais, pulseira de couro no pulso e o mesmo sorriso de quem acha que é dono do mundo.
Rodeado de mulheres.
Três, quatro perdi a conta. Todas rindo, todas olhando pra ele como se o sol nascesse do ego dele.
Sentei à mesa mais próxima, sem pressa.
Peguei o jornal, mas nem li. O olhar ficou preso nele.
Ele percebeu.
É claro que percebeu.
O filho da puta adorava palco e eu era a plateia preferida.
Lentamente, afastou a cadeira, levantou o copo d