📓 Narrado por Miguel — Sábado, 09h31 da manhã
Por um instante, o mundo inteiro pareceu parar ali.
O som do mar, o ar-condicionado, até o vento lá fora tudo calou.
E foi então que eu vi.
O roupão tinha cedido um pouco no movimento, o tecido abrindo espaço suficiente pra deixar o olhar escapar…
E o que vi me arrancou o ar.
Marcas.
Finas, antigas mas ainda vivas o bastante pra gritar.
Cicatrizes que o tempo não soube apagar direito.
Ela percebeu o instante exato em que meus olhos pararam ali.
Tentou puxar o tecido de volta, os dedos trêmulos, o rosto empalidecendo.
Mas eu já tinha visto.
— O que é isso, Clara? — minha voz saiu baixa, rouca. — O que você esconde de mim?
Ela virou o rosto, os lábios pressionados, o corpo inteiro rígido.
— Nada que te diga respeito. — respondeu, mas a voz falhou no meio da frase.
Dei um passo à frente, a respiração pesada.
— É por isso, não é? — perguntei, o olhar preso nas sombras da pele dela. — É por isso que nas duas ve