📓 Narrado por Miguel — Sexta, 00h29 da noite
Ela disse “tô bem”, e virou o rosto.
Mas eu vi.
O jeito que a respiração dela falhou, a mão ainda trêmula, o olhar preso no chão.
Mentira dita com coragem e mesmo assim, mentira.
Subimos juntos, o som dos passos dela na areia misturado ao farfalhar do vento.
Nenhum dos dois falou.
O silêncio parecia mais pesado do que a briga.
Quando chegamos ao deque do hotel, as luzes douradas refletiam no mar, calmas demais pro que queimava dentro de mim.
Ela subiu a escada na frente, o salto batendo seco no degrau de madeira.
E eu, atrás, com o corpo ainda em alerta cada músculo pronto pra caso o desgraçado do Lacerda resolvesse voltar.
Ela passou pela portaria direto, cabeça erguida, tentando esconder o que sentia.
Mas o corpo… o corpo dela gritava.
Entrei logo atrás, deixei a recepcionista dizer boa noite sem resposta e apertei o botão do elevador.
O silêncio do lugar parecia zombar da gente.
Luxo demais pra tanta tensão.
Assim que