capítulo 110

📓 Narrado por Miguel — Sexta, 00h29 da noite

Ela disse “tô bem”, e virou o rosto.

Mas eu vi.

O jeito que a respiração dela falhou, a mão ainda trêmula, o olhar preso no chão.

Mentira dita com coragem e mesmo assim, mentira.

Subimos juntos, o som dos passos dela na areia misturado ao farfalhar do vento.

Nenhum dos dois falou.

O silêncio parecia mais pesado do que a briga.

Quando chegamos ao deque do hotel, as luzes douradas refletiam no mar, calmas demais pro que queimava dentro de mim.

Ela subiu a escada na frente, o salto batendo seco no degrau de madeira.

E eu, atrás, com o corpo ainda em alerta cada músculo pronto pra caso o desgraçado do Lacerda resolvesse voltar.

Ela passou pela portaria direto, cabeça erguida, tentando esconder o que sentia.

Mas o corpo… o corpo dela gritava.

Entrei logo atrás, deixei a recepcionista dizer boa noite sem resposta e apertei o botão do elevador.

O silêncio do lugar parecia zombar da gente.

Luxo demais pra tanta tensão.

Assim que
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