Aquela noite não acabava nunca.
Olivia sorria porque precisava, não porque conseguia. Cada passo ao lado de Ian parecia ensaiado, como uma peça mal dirigida.
O salão ainda estava cheio demais. Luzes refletindo no mármore, taças tilintando, risadas misturadas com música de fundo. Mas tudo que ela sentia era o peso quente do olhar de Benjamin queimando sua nuca.
Ela não olhava. Não podia. Se olhasse, cairia ali mesmo. Sentia o ar carregado, grudando na garganta como fumaça. E a sensação de que estava correndo de um passado que comprou ingresso para o seu presente fazia tudo latejar.
Benjamin. Ali. De novo. Como um vulto saído das ruínas. Como um erro que não morreu. Um fantasma que ela jurava ter enterrado.
— Você está bem? — Ian quebrou o barulho todo com a voz baixa, rente ao ouvido dela.
Olivia piscou, ajeitou o rosto num sorriso rápido.
— Cansada, só isso. A noite foi longa.
Ian assentiu devagar. Mas os olhos... aqueles olhos não largavam o rosto dela. Olhar dele nunca era olhar. Er