Clara não deveria estar ali.
Mas estava. Bem ali. De pé na entrada do salão, como se fosse dona do lugar. Ombros retos, sorriso pronto, olhos percorrendo tudo com calma de predadora.
Olivia a reconheceu no segundo em que o salto tocou o mármore. Nem precisou ver o rosto: bastava a maneira como andava. Como quem sempre soube onde pisa, mesmo quando pisa em cima dos outros.
O perfume doce veio primeiro. A lembrança depois.
As risadas abafadas vindas do próprio quarto. O som do zíper sendo fechado com pressa quando ela abriu a porta e encontrou ela. Clara, de lingerie, ajeitando o cabelo com a cara mais calma do mundo, sem pressa, sem culpa.
Tudo voltou. E voltou no meio daquela maldita festa.
Clara parou perto do bar. Pegou uma taça como se estivesse em casa. Olhou ao redor, procurando alguém com os olhos. Encontrou. Não Benjamin. Mas Olívia.
Quando os olhos delas se cruzaram, não foi surpresa. Foi um aviso. Como se soubesse que encontraria Olivia ali. Olivia deu um passo atrás. O peit