A porta de vidro da sala de reuniões abriu-se de repente.
E então, a bengala de Nicolau bateu contra o mármore. Um som seco, autoritário.
— Já chega. — disse o patriarca, entrando devagar, os passos lentos, mas firmes, os olhos duros como aço.
O silêncio que restara entre Benjamin e Ian foi engolido pelo som rítmico da madeira contra o mármore.
Benjamin endireitou-se, tentando recuperar o ar de confiança, mas não conseguiu disfarçar a irritação. Nicolau não lhe deu espaço para palavras.
— Pode sair. Preciso falar com Ian. A sós.
Benjamin hesitou, cerrou os punhos, os olhos faiscando de raiva. Queria protestar, mas o olhar do avô o calou e ele obedeceu. Com um último suspiro de frustração, empurro a cadeira atrás de sair, mas antes de atravessar a porta, lançou um último olhar para Ian, carregado de ódio e promessas de guerra.
Nicolau esperou o silêncio voltar. Caminhou até o centro da sala, e parou diante da parede de vidro, onde a cidade brilhava em miniatura sob seus olhos cansados.