As batidas na porta não paravam. Toc. Toc. Toc. Rítmicas, insistentes, como o tic-tac de um relógio marcando o fim de uma vida. Marina Tavares ainda tremia, aquele grito de "VAI!" de Rafael ecoando em seus ouvidos junto com o choro das crianças, que haviam acordado assustadas no quarto ao lado.
Ela se arrastou até a porta, limpando as lágrimas com as costas da mão, tentando compor um rosto que já não existia. Pelo olho mágico, viu duas figuras: um homem e uma mulher, ambos de ternos sóbrios, expressões graves, segurando crachás contra o vidro fosco. Não eram da polícia comum. O crachá tinha o brasão da Polícia Federal.
O desespero misturou-se com um novo tipo de pavor. Isso já não era sobre fofoca de traição. Era algo maior, mais profundo, como as manchetes que ela mal conseguira ler antes de Rafael a atacar.
Ela abriu a porta, apenas uma fresta, acorrentada.
— Sim? — sua voz saiu como um fiapo.
— Boa noite, senhora Marina Tavares? — perguntou a agente, uma mulher de meia-idade com ol