O som que reinava na sala de espera privativa no andar de UTI do Hospital não era o silêncio. Era algo pior: um zumbido branco e antisséptico, interrompido pelo sibilar distante de máquinas, pelo clique metálico dos passos de uma enfermeira no corredor e pelo eco assustador do próprio batimento cardíaco de Olívia.
Ela estava sentada em uma poltrona de couro frio, os braços envoltos em volta do próprio corpo, como se se segurando para não despedaçar. As mãos ainda tinham resquícios secos e acastanhados do sangue de Ian. O tailleur cinza estava manchado e amarrotado. Ela não se importava. O mundo tinha reduzido a um único ponto: a porta dupla de metal e vidro fosco que levava ao centro cirúrgico.
— Trauma balístico penetrante no ombro esquerdo. A bala fraturou a clavícula, perfurou o pulmão e parou a poucos milímetros da artéria subclávia. Perda sanguínea massiva. O risco é iminente.
As palavras do cirurgião-chefe, ditas com uma frieza profissional que doía mais que um grito, giravam em