A primeira coisa que penetrou a consciência de Ian foi um zumbido profundo e persistente, como se enxames de abelhas tivessem se alojado em seu crânio. A segunda sensação foi uma dor latejante nas têmporas, ritmada e implacável. A terceira percepção veio mais lentamente; um silêncio pesado demais, antinatural para um espaço supostamente habitado. Era o tipo de quietude que sussurrava segredos nos ouvidos de quem ousava escutar.
Ele abriu os olhos com dificuldade, suas pálpebras pesadas como se tivessem sido costuradas. A luz do amanhecer filtrada pelas cortinas semiabertas cortava o quarto em faixas diagonais de um dourado pálido, iluminando partículas de poeira que dançavam no ar parado. O teto era desconhecido; não o teto texturizado de seu apartamento, nem o de madeira rustica da mansão Moretti. O lençol sob seu corpo era de um algodão caro, mas de um padrão floral que ele nunca escolheria. E então veio o perfume; doce demais, artificial, com notas de jasmim e algo mais medicinal q