O espelho do hall refletia um homem que Ian mal reconhecia como si mesmo. Seus olhos pareciam fundos e sombrios, como janelas abertas para uma alma em ruínas. Seu maxilar estava tão tensionado que ele podia sentir os músculos queimando de esforço, e o terno impecável de alfaiataria - que costumava ser sua armadura contra o mundo - servia agora apenas para disfarçar o caos interno que lentamente o consumia. Ele apertou o nó da gravata com uma força desnecessária, talvez na esperança infantil de que o gesto pudesse conter o tremor quase imperceptível em suas mãos, ou talvez para se convencer de que ainda mantinha algum controle sobre a vida que desmoronava ao seu redor.
As memórias da noite anterior chegavam em fragmentos desconexos e dolorosos, como cacos de vidro que se recusavam a se encaixar. O vinho barato e amargo. A garrafa tombada. O gosto metálico persistente em sua língua. E Carolina - sempre Carolina, seu rosto aparecendo em sua mente como um fantasma de um passado que se rec