Angelina Ribeiro
Eu me sentia vazia sem o meu escritório, sem a correria dos processos, sem estar no centro das causas que me faziam pulsar. Gostava mesmo era de atuar, de argumentar, de ser ouvida. E agora? Agora eu era apenas um enfeite dentro de uma empresa que já não parecia minha.
A ausência de Diogo gritava. No fundo, eu já não sabia se ele fugia de mim, de nós, ou apenas cedia espaço para que Saulo entrasse cada vez mais na vida dos meninos. E estava funcionando. Mesmo que entre Saulo e Adson ainda faltasse alguma ligação, Atlas já começava a levar como algo normal ter dois pais.
Depois do jantar, coloquei a louça na lava-louça. Saulo estava ali, encostado na bancada, me observando em silêncio. Havíamos acabado de transar, e mais uma vez parecia que, fora da cama, éramos estranhos. Dois corpos que funcionavam juntos apenas entre lençóis. Eu me sentia depravada por querer usá-lo e, ao mesmo tempo, descartá-lo.
- E você e a Francesca? - perguntei de repente, sentindo os olhos del