Saulo Prado
Enrolei o quanto deu. Ir para Sobral não estava nos meus planos, mas dois meses depois, me vi encurralado, pressionado a tomar uma decisão.
Diogo e Ana Júlia tinham seguido para a capital. Ficamos eu, Angelina, minha mãe e os meninos em casa.
No fundo, eu sabia: Angelina não voltaria para Sobral. Não depois de tudo que enfrentamos.
Desliguei o celular e, quando ergui os olhos, ela já estava no corredor, parada, como se tivesse me esperado escolher o rumo da nossa vida.
Vestidinho laranja folgado, o cabelo solto, cheio de ondinhas, os olhos verdes fixos em mim e havia neles um tipo de calma que me desmontava, como se me pedissem coragem, mas me dessem tempo.
- Então... não voltaram atrás na sua remoção? - perguntou, caminhando até o sofá.
Assenti. E naquele instante, percebi que, se fosse preciso, eu desistiria da magistratura.
Não porque tivesse medo da distância, mas porque não queria mais abrir mão dela.
Angelina se sentou devagar, soltando um suspiro longo. Eu fiquei