Saulo Prado
Era inegável: na cama, eu e Angelina ainda éramos fogo. A química estava ali, intacta, como se o tempo tivesse parado. Mas bastava o orgasmo esfriar para ela me afastar, como se tudo não passasse de um desvio físico. Quando se levantou, catou o roupão e foi direto ao banheiro, senti aquele vazio latejando. Odiava a forma como ela conseguia me ignorar depois de me deixar marcado.
Deitei de costas, ainda suado, olhando o teto. Minha cabeça fervia.
Será que foi por causa da barba? Será que não gostou de me ver diferente? Eu me sentia esquisito sem ela, despido até da minha identidade.
O barulho do chuveiro ecoava. Ela havia voltado ao banho - outro banho. Como se quisesse apagar os rastros de mim. Aquilo me corroía. Levantei, fui atrás. Empurrei a porta do banheiro.
- Já acabou? - perguntei, meio sem jeito.
Ela se virou, puxando o roupão para o corpo. - Sim. E, Saulo... todo esse tempo você nunca se preocupou em se proteger. Não acha irresponsabilidade?
Entrei no box branco