Angelina Ribeiro
Fomos levados para a emergência sob escolta policial. As sirenes ainda ecoavam na minha mente, como se tivessem ficado presas dentro do meu peito. Por mais que médicos e enfermeiros corressem de um lado para o outro, que meus filhos estivessem diante de mim, respirando, e que Laura fosse atendida pelo excesso de gás que inalou, nada em mim conseguia descansar. Eu estava ali, mas uma parte de mim ainda vagava na escuridão da fábrica, procurando por Saulo, procurando entender onde estavam Otávio e Frantesca.
Os olhos de Atlas e Adson se fixavam em mim o tempo todo. Estavam assustados, frágeis, e a primeira pergunta deles não foi sobre o que havia acontecido, mas:
- Mamãe... cadê o papai?
Aquela pergunta perfurou meu peito como uma lâmina fria. Eu não sabia o que responder. Apenas puxei os dois para perto de mim, beijei seus cabelos e disse que ele estava cuidando de nós. Mas a minha própria voz soava oca, trêmula, como se não acreditasse.
No meio do caos, fizeram em mim