Angelina Ribeiro
Foram dois meses, e tanta coisa aconteceu que parecia uma vida inteira.
A ficha demorou a cair... naquela noite, quando Adson chamou Saulo de pai, não, pai do Atlas, mas dele mesmo. Talvez pelo medo, talvez por ter sido socorrido por ele no meio do caos. Mas o som daquela palavra não saiu mais da minha cabeça.
O medo era vivido em seus olhos enquanto ficamos no quarto, não era apenas meu, de perde-lo, era de todos. Mas quando tudo acabou bem, eu não sai do seu lado, um instante sequer até que estivessêmos juntos em casa. O medo de perder despertar sensações e ações que dias comuns jamais poderia explicar, eu tive medo, todos nós tivemos.
Na terça-feira a noite, olhei para Saulo, deitado em minha cama.
O peito enfaixado, o abdômen também. Ele dormia tranquilo, a respiração compassada, como se enfim tivesse encontrado paz. E eu, ao contrário, só conseguia sentir medo. Receio. Jamais imaginei que ele seria capaz de tanto por nós. Que enfrentaria de frente o homem que