Saulo Prado
De alguma forma, esse acordo tácito entre nós me favorecia. Aliás, favorecia a nós dois.
Angelina ainda repousava em meu peito, com a respiração calma, os fios do cabelo embaraçados contra o meu nariz, uma mistura de seu cheiro e sexo. Era um silêncio quente e íntimo, como se o tempo tivesse parado só para nós dois dentro da sala, após um ato carnal, algo que eu nunca me permitir, ouvi, escutar a minha ou a respiração da parceira após a satisfação do desejo, eu não tinha pressa, queria mantê-la no meu colo por todo tempo que fosse preciso.
Mas o elevador soou seu alerta, um sinal estridente nos lembrando de que o mundo seguia em movimento, mesmo quando a gente queria que tudo congelasse.
Angelina saltou do meu colo, apressada, tentando recompor-se, mas eu a segurei pelo pulso — por puro impulso, ela me olhou negando, fugindo de mim. — Saulo, por favor… — sussurrou, os olhos ainda acesos, suplicantes, lutando entre a razão e o desejo.
— Só não muda de ideia, por favor — mur