Angelina Da Costa
Eu abri as pernas devagar, ou ao menos tentei — porque elas tremiam. O gesto era tímido, calculado, deixando apenas o necessário à mostra. O suficiente para vê-lo perder o controle. Saulo puxou a gravata, impaciente. O senhor Braga ainda falava, mas já não havia espaço para raciocínio no meu chefe, ele mal o olhava, e olhava para mim que tremia.
A vergonha que me corroía se misturava ao desejo, e por impulso — ou crueldade — fechei as pernas subitamente, como se tudo aquilo fosse um engano, um descuido. Um soco seco e brutal foi dado na mesa.
— Desgraçada!
Ele se atrapalhou, perdeu a compostura, os olhos em brasa. E eu tive certeza: o maior vício de Saulo Prado era boceta. Não só o dele — parecia uma maldição de família. O erro. O pecado. O que os feria e consumia. Mas desta vez… desta vez eu não era a espectadora. de uma destas cenas. Eu era o vício.
— Por favor, continue, senhor Braga. Entendo… que o senhor, não foi instruído quanto ao uso dos EPIs. Poderia ao me